Enquanto o homem pode gerar um filho até o dia de sua morte, pois não para de produzir espermatozoides, a mulher tem “prazo de validade” para engravidar. Esse prazo é um mistério, mas um exame simples de sangue pode dar boas pistas.
O corpo feminino já nasce com todos os óvulos que irá utilizar durante toda sua vida. No nascimento, são aproximadamente de 1 milhão a 2 milhões. Mas quando a mulher chega à menopausa, esse número já cai para cerca de 500 mil a 300 mil. A cada menstruação, a mulher perde de mil a 2.000 dessas células. O exame de reserva ovariana é capaz de detectar aproximadamente quantos óvulos restam no corpo da mulher.
O exame é particularmente importante para quem deseja adiar a gravidez ou para quem não tem certeza se quer ser mãe. “À medida que a vida a, nós vamos mudando de opinião. A preocupação maior é, um dia, a mulher querer ser mãe e não poder”, pondera o médico Bruno Scheffer, diretor do IBRRA Medicina Reprodutiva.
O exame mede o nível de hormônio antimulleriano (AMH), que é produzido pelos folículos onde ficam preservados os óvulos nos ovários da mulher. “Se eu tenho óvulos, tenho folículos. Se tenho folículos, tenho hormônio sendo produzido”, explica Scheffer. O exame, segundo o médico, não precisa de preparação (nem jejum) e pode ser feito em qualquer fase do ciclo menstrual.
Além de indicar a quantidade de óvulos restantes, o exame também é usado para determinar a quantidade de hormônios necessários para a mulher que já partiu para o processo de fertilização in vitro. Apesar de existir uma média de óvulos por idade, cada organismo é único, e pode ser que uma mulher jovem não tenha a quantidade esperada de óvulos para sua idade.
Experimental. Ainda no campo da fertilização assistida, uma nova técnica está dando o que falar. O dispositivo AneVivo, patenteado por uma empresa suíça, abre a possibilidade de o óvulo ser fertilizado dentro do próprio útero da mulher, em vez de em uma incubadora em um laboratório.
Com essa técnica, o óvulo e o espermatozoide são colocados dentro de uma cápsula e implantados na mulher. Lá dentro, ocorre a fertilização, e, depois de 24 horas, a cápsula é retirada para a seleção dos melhores embriões. Escolhidos, os embriões mais perfeitos são reimplantados para, quem sabe, dar início a uma gestação.
“A estrutura que criaram é permeável a substâncias intrauterinas. Quando acontece a fecundação, poderia ter adesão do embrião com a parede do útero cuja participação na fertilização é importante”, imagina Scheffer. Além disso, a técnica diminuiria custos com materiais e com incubação.
Apesar dessas vantagens teóricas, a técnica ainda precisa ar por mais pesquisas para comprovar que é uma boa alternativa para mulheres e casais que precisam de ajuda para engravidar. “Ainda há muito poucos nascidos dessa técnica para compararmos os resultados dela com os da fertilização in vitro (FIV). Talvez, no futuro, ela possa ser uma alternativa para as mulheres que não tiveram sucesso com a FIV”, pondera Marcos Sampaio, que é um dos diretores da Clínica Origen. (Com Litza Mattos)
Análise ajusta tratamento
A arquiteta Clara*, 42, tenta engravidar há cerca de dois anos, sem sucesso. Por isso, ela decidiu partir para a fertilização in vitro. Para conferir uma chance maior de sucesso do tratamento, ela fez o exame de reserva ovariana.
“Minha contagem estava um pouco abaixo do esperado para minha idade. Por isso, quando for fazer a fertilização, vou ter que tomar uma dose maior de hormônios, para ter mais chances de dar certo”, conta ela, que fará o procedimento em setembro.
*Pseudônimo usado a pedido da fonte